JorgeCast S9E4 - Internet of Behaviors (IoB)

Aqui neste post você acompanha a pauta do JorgeCast S9E4. Não deixe de visitar o site do JorgeCast para outros episódios

Recentemente o Gartner liberou seu ebook de tecnologias estratégicas para 2021, nele temos a tal Internet of Behavior como um dos tópicos de destaque para este ano, e este por sinal é um termo que tenho visto com certa frequência. Sabemos que de tempos em tempos surgem sempre novos acrônimos, siglas e nomes para tecnologias conhecidas e por vezes já inseridas e difundidas em nosso dia a dia, mas esta nova denominação é interessante de ser entendida para que não criemos um novo campo de pesquisa sem haver necessidade.

A minha visão sobre o assunto é que estamos vendo o desdobramento natural de uma era de geração de dados jamais vista, temos dispositivos por todos os lados, vivemos grudados a um telefone, nossa saúde já é controlada com uso de algoritmos e gerando dados 24X7. Bom ou Ruim? Ainda não vejo como ruim, mas cabe ressalvas, pois falamos de uma entrada na privacidade que não tem mais possibilidade de fechamento, estamos expostos, somos vulneráveis, viramos produtos e sofreremos consequências em breve com certeza. O que vejo por enquanto é que estamos vivendo algo que nos beneficia, pelo menos por hora, temos facilidades, vantagens e isso nos agrada, nos afaga, mas para que isso seja possível o preço são os dados e os nossos comportamentos em um registro imensurável. Legislações sobre essa invasão permitida são criadas em diversos países, mas a realidade é que deixamos um rastro no uso de tudo, dos dispositivos, dos handshakes de bluetooth, uso de aplicativos de compras, pagamentos por cartões de crédito, uso de carteiras eletrônicas, compras em marketplaces, apps de previsão de envelhecimento, uso de chaveiros eletrônicos para abertura de portas de hotel, uso de mapas online e muito mais. Poderia descrever mais uns 200 comportamentos que deixamos nos registros dessas aplicações. Estamos em 2021, era “quase” pós pandemia de Covid-19, experimentamos o recolhimento em casa por meses e nosso comportamento de compra só se alterou no meio, o que antes fazíamos em uma loja física, agora transferimos para o WhatsApp, apps e marketplaces, veja que o telefone e a voz devem ter sido os menos usados por você que está lendo este texto, e isso tudo nos fez gerar mais e mais dados sobre nós, sobre o nosso padrão de consumo e os nossos medos, ansiedades e pensamentos foram descritos por vezes em pesquisas em buscadores, com registros em sua máquina local ou celular, permitindo a validação por meio de cliques em anúncios direcionados. Compras de impulso, não sei mais se podemos chamá-las assim, são feitas por anúncios cirurgicamente colocados no espaço-tempo ideal, e bilhetadas em uma velocidade muito grande. O quanto vimos crescer a tecnologia em empresas de comércio eletrônico, veja pelos postos de trabalho gerados para área de dados e desenvolvimento de sistemas, o que as vezes poderia gerar uma demanda por operação, agora enxerga no seu comportamento deixado para trás o melhor ativo para investimento.

Consumo é somente uma das vertentes que devemos olhar para uso com os seus dados, hoje temos relacionamentos e em breve teremos passaportes de vacina. Já vivemos a era das preferências impostas por redes sociais, somando claro qualquer forma de forçar você a algo, logicamente em um cenário que para você vai ser tão adequado ao que você acha normal que isso nem irá despertar nenhuma atenção. Falo aqui de algo totalmente novo e diferente do que falávamos anteriormente sobre a aplicação usar você como produto ou roubar algo, agora vamos viver uma era onde os dados que você deixou já são suficientes e já definem seu perfil de comportamento, atuar nele só depende de tempo.

Seja você leitor, muito bem-vindo a era da Internet dos Comportamentos (IoB – Internet of Behaviors), alimentada pelas migalhas que você deixa em seu caminho virtual, que ultimamente é seu caminho normal e em breve não terá mais esta distinção, pois a cada dia que passa você está mais conectado e não tem como se desconectar. Bom cabe uma ressalva, você até pode se desconectar em casas de montanha ou de praia isoladas, sem internet e “analógicas na essência”, criando nelas um refúgio, mas você vai acabar alugando por alguma aplicação e deixando um rastro, então, neste caso acho que a ressalva não vai valer.

Ainda ouviremos muito sobre essa temática, regulações, regras, ética, privacidade, tudo isso vai vir à tona, a cada nova visão da tecnologia afetando vidas o pensamento geral vai tender a voltar-se contra, mas acharemos uma forma de transformar em vantajoso, hoje já é, só não se sabe o quando efetivamente a manipulação do seu comportamento está acontecendo, como gosto de falar, cenas dos próximos capítulos.

Um texto muito legal sobre o tema pode ser achado aqui no site da Vector.

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